Tuesday, January 30, 2007

Hai cai chuva de poesia
Na telha de Bashô
Bashô a nega maluca
Acabô de baxá

Friday, January 26, 2007

axioma

Duas retas encruzilhadas se encontram no destino.

Monday, January 15, 2007

pontes sobre o rio

Aves são pontes
que cruzam o céu.

rapina / pinguela

Alçar vôo
é riscar o ar.

Escrever é a arte de fazer
a ponte
entre a cabeça e o papel.

A mão é a ponte.
A caneta também.

Tudo é ponte
Tudo é sobre,
sobretudo.

Quando você ouve
uns blams

são as portas
da sua consciência
batendo.

Ou a coisa passou
ou foi o vento.

Friday, January 12, 2007

esquina capital

Brasília é uma cidade sem esquinas

E não ter esquinas
É não ter encontros súbitos
É não ter a surpresa do que vem lá

Não ter esquinas
É não ter abordagens amorosas
Encontros marcados
É viver uma vida sem conversões

Não ter esquinas
É não saber do vento atravessado
É não sentir a nostalgia das penumbras
É não ter a orientação das placas de rua

Não ter esquinas
É não comprar na venda da esquina
É não perguntar ao guarda da esquina
É não ter o “extra” do jornaleiro

E não ter esquinas
É não saber o que é esquina

Pois a esquina
É onde tudo acontece

A esquina
É por onde a vida circula

A esquina
É a curva do mundo

Thursday, January 11, 2007

No fim
tudo ter sido miragem:
as pessoas, os encontros
a vida.

A realidade foi um sonho.
A morte é a vida eterna.

Não é preto no branco, são cinzas.

Não ponha em risco o seu traço.

Wednesday, January 03, 2007

o lado escuro do dia

A noite é mística
A noite é mágica
A noite assusta

(dizem, à noite, serem
os gatos pardos...)

A traição é parda
A eminência furta

A noite assombra
A sombra assusta

A noite esconde.
A sensação de bastidor é clara,
a luz da noite é escura.


Já o dia é exato!
É segmento de reta.
A outra é curva

Hiperbólica
Diabélica
Noite pura

Eu e a casa

Eu e a casa
A casa e eu.

Dois estranhos
um para o outro
Ela o ninho
Eu o pássaro
Solto preso
aqui no Acre

Eu e a casa
A casa e eu.

Ainda sem muita
intimidade
Suas paredes
nada me dizem
Meus passos
é que retumbam

O diálogo é o eco

Eu e a casa
A casa e eu.

Recintos formais
sentimentos demais
Mas eu falo.
E as paredes escutam
Escrevo.
Elas presenciam

Penso. Silêncio