Saudade daquela peça inteira de jacarandá
onde risquei um coração.
E onde esculpi com meu machado
meus desejos, minhas necessidades
minhas vontades saciadas.
Minhas curvas, meu pecado
a golpes de gemidos quase sacros,
de uma santidade profana.
Friday, December 22, 2006
suspiros
Wednesday, December 13, 2006
Thursday, November 30, 2006
Tuesday, November 28, 2006
solitude
Atravessar o corredor da solidão não é fácil.
Luz soturna.
Portas escuras que não se abrem.
Interminável.
O silêncio quebrado
no eco frio dos meus passos.
Previsão de vazio.
Monday, November 13, 2006
cara a cara
Disse que ele é aberto e convida,
mas que o olhar esbarra.
Nunca me havia sido
colocado
tal ponto de vista.
o que me atraiu na menina dos olhos
foi o nariz grande.
Tuesday, November 07, 2006
Sunday, November 05, 2006
Wednesday, October 25, 2006
Thursday, October 19, 2006
climatempo
Dias de lágrima
Dias de céu chover nos olhos
(...)
Uns querem que o raio
os partam
Outros querem passar
em brancas nuvens
(...)
Faz tempo que não faz
céu azul em meus olhos.
Hoje,
apenas minha alma chora.
Tuesday, October 17, 2006
in promptu
de minha alma
No palco
minhas emoções
falam mais alto
perscruto o eco
em seu coração
Desafio o piscar de seus olhos
Ou se enche de luz meu camarim
Ou
soçobra
o
lamento
na
coxia
Sunday, October 08, 2006
Friday, October 06, 2006
Thursday, September 14, 2006
hoje
Hoje meu coração acordou de ressaca.
Foi muito vinho e muita lágrima
pra tanto sentimento sorvido.
Oxigênio estampado.
Foi muito passado passado a limpo.
Foi muito presente oxidado.
xeque-mate
reis e rainhas
comandam a batalha
No alto da torre
reluto com o bispo
e me torno peão
Rodopio e transcendo.
Reapareço em seu nicho
índia / gueixa / mucama
Cavalgada noturna
em seu leito xadrez
tabuleiro de dama
genealogia
Eu sou tio por
nomenclatura.
composição.
formação.
muitas vezes
camufla a desconfiança
e despista a sensatez.
dossel
esboço de sorriso
satisfação profunda
movimento
lento
no momento
vai-e-vem
de volúpia
A rainha copula.
e entre
um sobe
e
um desce
o cetro real
aparece
e
desaparece
Existe uma prova de que a mulher é superior ao homem:
nós nascemos do útero de uma.
As mulheres multiplicam a vida.
Os homens só possuem a sua.
Talvez aí esteja
o complexo de inferioridade dos homens,
travestido em superioridade.
O machismo da impotência!
O homem apenas contribui.
Quem gera a vida é ela.
a mulher
a mãe
o bicho
viver é uma arte
A vida é isso.
Carregar na mochila
as próprias feridas.
Mas sempre
com um punhado
de rosas na mão.
As ocasiões exigem,
o cheiro guia.
guerra fria
Dois gelos opostos.
Dois em cada ponta da fôrma.
Dois numa guerra fria.
Dois não. Quatro.
E cada um por si.
Quens
vão ser sorvidos primeiro?
São 3. Três.
Cada dose vão três.
Quens
são os que vão derreter
no aquário etílico da coisa?
Quem vai sofrer os horrores da mucosa?...
Quens
vão sair do aconchego vazio
e cair no monstromundo quente?
Quens dos 4 vão entrar nessa fria?!
três demãos
Na pantomima do desejo, apalpava as formas dela no ar.
07/05/2005
Quando você sai, o vazio da sua ausência me apalpa.
08/05/2005
A impressão que eu tenho de você é digital.
03/06/2005
colateral
o momento que vivo é de tensão
daquela que sofre a corda do violão
só que quando eu toco
não sai aquele acorde perfeito
(me abrem feridas nos dedos...)
– essas sim, dignas de nota.
O que você faz quando acha que jogou a vida fora?
Resgate? Existe esta alternativa?
Não, acho que não.
Se ela foi pro lixo, melhor,
implica que você não está nele.
Por onde então andará sua vida?
Debaixo de qual tapete?
Da sala dos capitalistas?
Da cama dos corruptos?
Ou no porão das ilusões?
Porque as ilusões moram no porão.
A esperança, sim, esta mora no sótão.
Dali se enxerga mais longe
O problema foi ter descido as escadas,
desavisadamente,
degrau por degrau.
Wednesday, September 13, 2006
caça
Por trás da cortina dos seus cabelos
eu via o brilho do orgasmo
no seu olhar
amazona morena
lábio bicolor
flor selvagem
de espinhos
que riscam o pudor
Olho de Shiva
Chuva de prata
Onça parda
com grandes lábios
de sabre
$
O dinheiro é um doce.
O mais apreciado de todos.
E como tem de diabético corrupto
papando
o mais carboidrato dos crimes!
Enchem as burras de glicose,
na base da sacarose.
Sem sair de cima.
diário de bordo
Estamos aqui em Villa Velha
furando ondas e quebrando paradigmas.
Eu, do alto do meu colt 45,
com uma guerrilheira dos seus 23.
– Fogo cruzado!
Atraindo a mira de novas e velhos
Atirando boas novas em velhas e novos
Um bang-bang na praia.
Com direito a assaltos
em bancos de areia
e beijos na emboscada.
Quem saca primeiro acerta na testa.
%
a estatística usa da aleatoriedade da vida formiga
para extrair a tendência que vai na andança
ela é o foco que ronda nestas paragens
não pára para ver a parada
ela tem o cúmulo da velocidade
ela capta per capita na temática cartesiana
amostras generosas de pensamentos de carne
mão na massa relativa
seletiva coletividade
percentuais do ofício, dia a pão dia
pura fermentação para uma opinião fornada
oni
Deus nos dá uma amostra da sua grandeza,
da sua magnitude, da sua onipotência
ao criar o papagaio.
Uma ave que fala!
Por que uma ave?
Por que não uma outra espécie?
- Mas aí de repente
a gente poderia deparar
com uma avis rara!
Tuesday, September 12, 2006
da gíria
Diz que a gíria foi inventada na cadeia.
Deve ser. Para o preso não se tornar uma presa.
- A língua na jaula.
Prisioneiros encerrados em códigos de barras.
validade vencida,
embalagem depreciada
e um gosto amargo no fundo da consciência.
Luz, câmera, ação!
Hoje eu ando no compasso reflexivo dos meus passos,
com as mãos nos bolsos da conformidade
e a certeza cabisbaixa.
e o passado, sobrepujando o presente,
anuncia um contratempo.
ou um tsunami na alma...
brinca ao sabor do vento.