Na telha de Bashô
Bashô a nega maluca
Acabô de baxá
rapina / pinguela
Alçar vôo
é riscar o ar.
Escrever é a arte de fazer
a ponte
entre a cabeça e o papel.
A mão é a ponte.
A caneta também.
Tudo é ponte
Tudo é sobre,
sobretudo.
Brasília é uma cidade sem esquinas
E não ter esquinas
É não ter encontros súbitos
É não ter a surpresa do que vem lá
Não ter esquinas
É não ter abordagens amorosas
Encontros marcados
É viver uma vida sem conversões
Não ter esquinas
É não saber do vento atravessado
É não sentir a nostalgia das penumbras
É não ter a orientação das placas de rua
Não ter esquinas
É não comprar na venda da esquina
É não perguntar ao guarda da esquina
É não ter o “extra” do jornaleiro
E não ter esquinas
É não saber o que é esquina
Pois a esquina
É onde tudo acontece
A esquina
É por onde a vida circula
A esquina
É a curva do mundo
A noite é mística
A noite é mágica
A noite assusta
(dizem, à noite, serem
os gatos pardos...)
A traição é parda
A eminência furta
A noite assombra
A sombra assusta
A noite esconde.
A sensação de bastidor é clara,
a luz da noite é escura.
Já o dia é exato!
É segmento de reta.
A outra é curva
Hiperbólica
Diabélica
Noite pura
Eu e a casa
A casa e eu.
um para o outro
Ela o ninho
Eu o pássaro
Solto preso
aqui no Acre
A casa e eu.
intimidade
Suas paredes
nada me dizem
Meus passos
é que retumbam
O diálogo é o eco
A casa e eu.
sentimentos demais
Mas eu falo.
E as paredes escutam
Escrevo.
Elas presenciam