Monday, November 26, 2007
guache
Uma bonita aquarela, com belas nuances
Ainda estava sendo feita.
A quatro mãos, a pincel
Valia tudo no princípio.
No principio era a verve.
Uma estamparia diáfana
Intensa de sentimentos vermelhos
Serena nos timbres azuis
– O traço no cio... corria-se o risco.
De repente o brilho nos olhos
dá lugar ao ponto de vista.
A paixão esgarçou-se.
Puiu.
A textura do sorriso amarela-se
O branco toma conta do arco-íris.
Saturday, October 27, 2007
alice
e meus olhos se enchem
talvez pela presença divina
talvez pela fragilidade humana
talvez pelo mistério da vida
saudade
delícia-menina
saudade dos teus gemidos
delícia-mulher
saudade das tuas elucubrações
que ora transpiram
maturidade e experiência
ora vomitam
loucuras e pirações
saudade que transmuta
em vontade e traduz
realidade.
Wednesday, October 24, 2007
Tina
mas o mar não quis nem saber
como fluía o nosso amor
se sólido ou vapor
compartilhando contigo
a onda do efêmero
o mar teu nome apagou
Thursday, October 04, 2007
tato
se o meu olhar te afasta,
então é melhor eu me afastar
não consigo ficar próximo
sem que o desejo saia do foco
e a minha vontade cega
teime em me fazer entregar
Friday, August 31, 2007
pensando em você
cantando "pensando em você".
Esse canto tem um colorido especial
uma peculiaridade delícia
um pranto meio suplicante meio gratidão
desabafo orgástico / superlativo de falta
tom
sobre
tom
Tuesday, August 28, 2007
nutriente
Teu astral recria o meu clima
Encontro-me entre as sábias palavras
que saem da tua boca
E o beijo doce
que entra na minha
Alimento-me de lembranças
Proteíno-me até o próximo encontro
Tina
repentina
paulatinamente
vira rotina
atina na madrugada
desatina quando vespertina
respiro o ar da graça
controlo o movimento
na retina
mergulho num poço de emoção
entro de corpo e alma
nessa tina
Sunday, July 22, 2007
am/pm
maldisse a Kronos
ao dia pequeno
à noite curta
maldisse aos deuses
- uma tragédia grega.
Me sinto num labirinto
onde estava garantida a tua presença
não vejo saída
um pobre Teseu
tentando se libertar e te resgatar
das garras do minotauro-tempo.
Thursday, July 19, 2007
Thursday, June 28, 2007
quarador
Quando me viram
pendurando-a
no varal
acharam que eu
a tinha lavado.
Quem dera!
Estou precisando mesmo
lavar a alma.
Mas foi apenas
uma retirada estratégica
para torcer e aliviar
a friagem do peito.
Wednesday, June 27, 2007
latência
Existe uma tristeza
perfilada
no meu peito
danada
encolhe-se à primeira
aproximação dos amigos
ou
vira mentira
na lida do santo ofício
covarde
sem fazer alarde
vira um ponto
um cisto
e o bote está armado
para o primeiro vacilo
de solidão.
Thursday, June 21, 2007
Thursday, June 14, 2007
Wednesday, May 30, 2007
O peteleco já estava armado
era o lado de trás do botão
da jaqueta que estava
do lado avesso.
- vista cansada
Tuesday, May 29, 2007
boletim do tempo
adomingada
O mundo jaz sem colorido
Os sorrisos não interessam
- dia sinistro
O breu noturno encarrega-se
de pensamentos soturnos
Thursday, May 24, 2007
Wednesday, May 09, 2007
alma gêmea
nossos olhares se fixaram
- pupilas congeladas no instante indizível
pude então penetrar naquele azul profundo
de um brilho ancestral na íris
de remota familiaridade
um olhar antigo
reconhecido num piscar de eras
almas gêmeas
forjadas no astral dos tempos
eternas, vigilantes
em todas as épocas.
Friday, April 20, 2007
Alice
Minha linda, botão em flor,
o tempo passa,
as estações chegam
e a mãe-natureza desabrocha
em menina-moça,
em rosa mulher.
Wednesday, April 18, 2007
transfusão
Quando eu roçar a minha boca na sua
quero sorver um pouco dos seus poemas
sentir o sopro lânguido da sua alma
e mergulhar no caos da inquietante paixão
Tuesday, April 17, 2007
Wednesday, April 04, 2007
) (
não me deixe perdido no espaço
no momento me desloco ao dissabor do seu vento
- quase me perco no etéreo -
busco sua referência
numa exorbitante gravitação
vácuo
ausência
silêncio
o universo pulsa em meu peito
Wednesday, March 14, 2007
Tuesday, March 13, 2007
Friday, March 09, 2007
Monday, March 05, 2007
Friday, March 02, 2007
de repente
De repente
tenho ganas de arrancar do peito
o coração
para observá-lo pulsar
compulsivamente
em minha mão
Que lentamente se avermelha
pulsão
compulsão
pulsação de sangue-bom
O sentimento no braile
no obscuro tátil da coisa.
Thursday, March 01, 2007
sem palavras
Não tenho mais palavras para falar o que sinto por você. Elas se exauriram. Secaram, não fazem mais efeito, nem pra mim nem pra você. Não trazem nada de novo. Não transformam, não transtornam, não deleitam. Soçobram as palavras. A mim, só sobram sentimentos. A nova linguagem agora vem da alma. Ela fala o idioma dos suspiros, uma espécie de dialeto da saudade.
Wednesday, February 28, 2007
Monday, February 26, 2007
Friday, February 23, 2007
sussurros muitos
di versos
independente mente
se de manha
ou de sanha
sussurros apenas
sussurros isso tudo
sussurros sem olvido na alma
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pé de página:
O que manda na escrita
é a idéia
ela faz o que quer
com a palavra
ela biparte
ela polariza
ela inventa
tempos e verbos
ela verbaliza
através da leitura
O que escreve
fala
O que lê
escuta
essa é a idéia
Wednesday, February 21, 2007
Wednesday, February 14, 2007
numerologia humana
Dupla dinâmica
A santíssima trindade
Os 4 cavaleiros do apocalipse
Os cinco sentidos
A besta do 666
As 7 maravilhas do mundo
Oitava na peneira
A nona de Beethoven
Os dez mandamentos
E todos por nenhum.
Monday, February 12, 2007
da saudade
A saudade perde o fôlego
A saudade arfa
A saudade bambeia
A saudade fraqueja
A saudade perde a noção
A saudade deslumbra
A saudade sente cheiro
A saudade é presença
A saudade é momento
A saudade cai feito tempestade
A saudade atordoa
A saudade cega
A saudade tira do ritmo
A saudade samba
A saudade descamba
A saudade alimenta
A saudade preserva
A saudade entra no meio
A saudade atravessa
A saudade acomete
A saudade se faz
A saudade encanta
A saudade espanta o que não interessa
Saudade às avessas
Saudade que sente a presença forte da ausência
Que viaja a tempo de ver perto o que está longe
A saudade é um monge
A saudade pactuou com a distância para que inexista
A saudade é um artifício da esperança
A saudade quer ver se alcança
A saudade não faz rodeios
A saudade nem pisca
A saudade é uma brecha
Friday, February 09, 2007
mulheres
outras gostosas
umas com charme
outras cheirosas
umas da vida
outras de morte
umas com ânsia
outras com sorte
umas assim
outras assado
mas todas tão complicadas...
Friday, February 02, 2007
Monday, January 29, 2007
Friday, January 26, 2007
Monday, January 15, 2007
pontes sobre o rio
que cruzam o céu.
rapina / pinguela
Alçar vôo
é riscar o ar.
Escrever é a arte de fazer
a ponte
entre a cabeça e o papel.
A mão é a ponte.
A caneta também.
Tudo é ponte
Tudo é sobre,
sobretudo.
Friday, January 12, 2007
esquina capital
Brasília é uma cidade sem esquinas
E não ter esquinas
É não ter encontros súbitos
É não ter a surpresa do que vem lá
Não ter esquinas
É não ter abordagens amorosas
Encontros marcados
É viver uma vida sem conversões
Não ter esquinas
É não saber do vento atravessado
É não sentir a nostalgia das penumbras
É não ter a orientação das placas de rua
Não ter esquinas
É não comprar na venda da esquina
É não perguntar ao guarda da esquina
É não ter o “extra” do jornaleiro
E não ter esquinas
É não saber o que é esquina
Pois a esquina
É onde tudo acontece
A esquina
É por onde a vida circula
A esquina
É a curva do mundo
Thursday, January 11, 2007
Wednesday, January 03, 2007
o lado escuro do dia
A noite é mística
A noite é mágica
A noite assusta
(dizem, à noite, serem
os gatos pardos...)
A traição é parda
A eminência furta
A noite assombra
A sombra assusta
A noite esconde.
A sensação de bastidor é clara,
a luz da noite é escura.
Já o dia é exato!
É segmento de reta.
A outra é curva
Hiperbólica
Diabélica
Noite pura
Eu e a casa
Eu e a casa
A casa e eu.
um para o outro
Ela o ninho
Eu o pássaro
Solto preso
aqui no Acre
A casa e eu.
intimidade
Suas paredes
nada me dizem
Meus passos
é que retumbam
O diálogo é o eco
A casa e eu.
sentimentos demais
Mas eu falo.
E as paredes escutam
Escrevo.
Elas presenciam